A arte de dizer coisas, umas sem sentido ou sem nexo, outras
mantendo esses atributos mas com intenções simplesmente falaciosas ─ umas proferidas
em tom tonitruante, outras em forma coloquial, com ar sério e convicto ─ são recorrentemente
praticadas por todos os agentes políticos, muito em especial no decorrer das
campanhas eleitorais como a que atravessamos, com a intenção clara de baralhar
os cidadãos, induzindo-os a acreditar na imagem formatada por essa via, mais do
que naquilo que não entenderam, levando-os a supor que esse facto se deve a exiguidade
cultural própria, nunca má-fé intencional do discursante.
Pior ainda ocorre quando em grande parte dos discursos o seu
conteúdo contradiz o que os próprios proferiram antes, noutras ou em
circunstâncias idênticas. Como a memória invariavelmente é curta, essas
contradições passam despercebidas, levando o cidadão inapto quanto a um
elemento fundamental de juízo: avaliar o caracter de quem fala, prometendo ou
simplesmente tentando levar a intuir que o que diz naquele momento é o que
verdadeiramente conta.
É portanto fundamental que atentemos, no que esta gente; uns
candidatos, outros do governo ou dos diferentes aparelhos partidários, todos
com maior ou menor grau de serventia à partidocracia existente, disseram, dizem
e continuarão certamente a dizer e efectuar uma tentativa séria em entender ou saber interpretar o que ouvirem,
não o que dizem, mas o que pretenderão atingir, pela forma como o proferem.
Assim, a pouco mais de uma semana das eleições autárquicas,
volto a apelar a todos que reflictam na necessidade de dar votos a quem não
merece, recomendando a postura preconizada pela filosofia abstencionista militante.
(abstenção pura, votar branco ou nulo)
Por se tratarem no fundo de eleições relacionadas com a
proximidade local, tendo subjacente o conhecimento mais pessoal dos diferentes
candidatos, abrirei aqui uma excepção: sugiro, de acordo com esse conhecimento
e como alternativa ao abstencionismo militante, o voto
em candidatos independentes, não incluídos nas máquinas partidárias.
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