Assim deveria ser...
“Sobre aquilo de que não podemos falar temos
de guardar silêncio”
Pegando
nesta assertiva citação de Ludwig Wittgenstein aplicando-a ao que se fala e
escreve pelo Mundo fora, poderemos concluir que o grande dilema é conseguir entender e distinguir
aquilo que se pode e deve dizer, guardando silêncio de todo o resto.
Reduzamos
este pensamento à análise comportamental dos políticos portugueses ─ do governo e oposições ─ e teremos
provavelmente uma entropia completa, quer a nível da desorganização quer da
imprevisibilidade.
Atentemos
ao que somos compelidos a ler e presenciar diariamente ─ através de
politólogos, jornalistas, ilustres membros da partidocracia ou políticos em
geral ─
todos opinando sobre tudo, dando prova de elementares exemplos de
disparates, que indecorosa e impunemente se vão proferindo e escrevendo.
Os
mais requintados deixam por vezes, de forma deliberada, tudo ininteligível,
confuso enigmático ou com uma vacuidade
a roçar o absurdo, outras vezes por
incompetência ou laxismo profissional, não transmitindo o substantivamente essencial,
revelando ausência de conhecimento, estudo e preparação técnica adequadas, para poder ser
proferido ou escrito inteligivelmente, com clareza de forma acessível à
compreensão de todos os cidadãos. As recentes intervenções televisivas, uma sobre Guião da Reforma do Estado, por Paulo Portas e as alegorias filosóficas de José Sócrates sobre a Metafisica dos Costumes de Kant (Fundamentação da Metafisica dos Costumes, presumo...) são disso excelentes exemplos.
Não.
A
preferência tem sido e continua a ser a opacidade, a falácia e a falta de rigor quer no
discurso, quer na escrita, numa retórica e dialéctica aparentemente
disparatadas, profundamente ocas, vagas e corrosivas, com o evidente propósito,
consoante a modalidade: discursiva ou criptográfica, de servir finalidades
ideologicas inconfessáveis.
Será
justo ressalvar que existem, felizmente, poucas mas certamente importantes e elogiosas
excepções.
Somos
assim confrontados com a constatação factual de como é difícil, deste modo,
mobilizar o cidadão, sobretudo presentemente, quando os comportamentos políticos
se têm revelado como agentes redutores e usurpadores do seu bem-estar, da sua
saúde física e mental, da sua plena cidadania afinal.
Confesso:
começo a sentir, por cansaço, falta de forças para lutar, embora reconheça que
guardar silêncio sobre o que vejo e sinto poder vir a ser considerado como um
acto pouco louvável.
Embora
as minhas condições ópticas continuem a deteriorar-se, tentarei, pelo menos, ir
mantendo a força física e mental para continuar a poder intervir, falando do
que me rodeia e entendo; por isso, poder falar (e escrever) sem ter de guardar silêncio….
Muito bom artigo,parabéns!
ResponderEliminarConcordo inteiramente com o conteúdo.
E viva a ilusão!
Beijinhos,
Linda Simões