terça-feira, 22 de abril de 2014

POBREZA NÃO DEVE SER UMA SENTENÇA PERPÉTUA



Como já é do conhecimento quer de familiares, quer de amigos mais próximos ou dos que possuo há mais tempo, sou ateu.

Não obstante esse facto, reconheço a utilidade ─ em tempo de crise ou não ─ de algumas organizações, maioritariamente de iniciativa, dependentes ou subordinadas a ordens ou seitas religiosas ou similares, algumas, poucas, a organizações internacionais desvinculadas das áreas religiosas.

Revejo-me portanto na essência Humanista dos princípios, propósitos e desempenhos da maioria dessas organizações, cuja acção meritória, depende, na sua maioria, da esmola de quem tem alguma coisa que ainda possa contribuir para os que muito pouco ou nada possuem.

Olhando à nossa volta, vendo com isenção o que se tem passado e passa no nosso país, compreender-se-á, sem grande perplexidade, a origem das dificuldades que algumas dessas organizações enfrentam presentemente.

De facto, parte significativa dos que contribuíram, mesmo que modestamente, estão hoje, eles próprios em dificuldades tendo deixado de poder contribuir. Alguns até, tendo sido contribuintes num passado recente, encontram-se hoje na situação de requerer, por indigência superlativa, o apoio que antes facultaram a outros.

É, quer queiramos quer não, o resultado de políticas que têm vindo a ser aplicadas a nível global, com especial incidência na Europa e, dentro desta, em países governados por gente seguidista, autista, sem competência e sensibilidade social, sobretudo coniventes com o princípio ideológico dogmático de que o Povo tem de ser pobre para melhor obedecer.

Como é evidente, nestas circunstâncias e situação de pobreza dos cidadãos, a função e acção das entidades e Organizações de Caridade torna-se um instrumento fundamental, mesmo que os governos queiram fazer crer que são eles os impulsionadores desses apoios.

Ao contrário, no extremo oposto da pirâmide, a riqueza engrossa despudoradamente os seus proventos, alguns obtidos com a desgraça dos que já pouco tinham. Estes, invariavelmente, possuem melhor e mais eficaz protecção dos governos.

Todos sabemos, incluindo os governos e todos os partidos políticos, que assim é. Os bancos, os representantes e detentores do poder financeiro, bem como todos os seus agentes, sabem que assim é. Por isso, para a maioria dos cidadãos, viver nas circunstâncias actuais tornou-se um acto de coragem. Trata-se afinal de tentar sobreviver, mais do que viver.

É incontestável que não poderá haver Democracia sem partidos políticos. Partidos políticos, sobretudo os do chamado arco-de-governação, como estão é que não. Todos nós, cidadãos lúcidos, temos obrigação de esclarecer os que ainda tenham dúvidas sobre as consequências em manter o estado actual de coisas. Trata-se simplesmente de evitar a implantação definitiva de um novo regime político encetada há três anos. Trata-se afinal, de evitar a institucionalização da pobreza como forma normal de vida.

Zé Ferreira

22-04-2014

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