domingo, 3 de janeiro de 2010

Incontornavelmente, a todos os meus Amigos






Friendship is the kind of love
that never can grow old.
Warm and cozy it will stay
when other things are cold.


Assim é meus Amigos!


Ainda com restrições, mas mais apto para ir entrando nestas lides, não posso, por imperativo de carácter, deixar de efectuar um intróito de reconhecimento, sentido, a todos os que directa ou indirectamente me acompanharam neste período restritivo.


Não Vos prometo assídua permanência, neste ciberespaço, quer em comentários quer em asserções, mas conto, estar em tempo mediato, mais presente, junto de Vós.


Por isso e para não ser exaustivo, início este regresso, com uma modesta pretensão a poema, que Vos dedico, com muita amizade. (como Kandisky disse, para pintar abstracto, é condição essencial ser-se um verdadeiro poeta; no caso vertente, uma delas não sou, logo não terei nenhuma!)


Depois, fugazmente, justaponho pensamentos sobre a Amizade, de três autores que me são queridos e nos quais me revejo. (o último, provocatório é para o Jaime)



Amigos

Dia cinzento, pardacento,
Chuvoso, frio, sem alento,
Sem poder ler, tento escrever
Sentado, tentando aquecer.
Levanto-me, tento na tela algo pintar
Cuidadosamente, sem a querer marfar
Inspiração que se me desanda
Perdida, síncrona, quejanda.
Cá dentro, persiste o ruminar
Todos, a aflorarem ao Recordar
Levando-me a cogitar ideias, mais ideais,
Conduzindo-me a Amigos que esquecerei jamais.
J. Ferreira 03-01-2009



A Amizade Ideal 

Nada é mais agradável à alma do que uma amizade terna e fiel. É bom encontrarmos corações atenciosos, aos quais podes confiar todos os teus segredos sem perigo, cujas consciências receias menos do que a tua, cujas palavras suavizam as tuas inquietações, cujos conselhos facilitam as tuas decisões, cuja alegria dissipa a tua tristeza, cuja simples aparição te deixa radiante! Tanto quanto for possível, devemos escolher aqueles que estão livres de afecções: de facto, os vícios rastejam, passam de pessoa para pessoa com a proximidade e qualquer contacto com eles pode ser prejudicial.
Tal como numa epidemia, devemos ter o cuidado de não nos aproximarmos das pessoas afectadas, porque correremos perigo só de respirarmos perto delas, também, em relação aos amigos, devemos ter o cuidado de escolher aqueles que estão menos corrompidos: a doença começa quando se misturam os homens saudáveis com os doentes. Não estou, com isto, a exigir-te que procures e sigas apenas o sábio: de facto, onde encontrarás um homem destes, que procuro há tanto tempo? Procura o menos mau, antes de procurares o óptimo.
(...) Evitemos, sobretudo, os temperamentos tristes, que se lamentam de tudo e não deixam escapar uma única ocasião de se queixarem. Apesar de toda a fidelidade e de toda a bondade que possa demonstrar, um companheiro perturbado, que chora por tudo e por nada, é um inimigo da tranquilidade.
Séneca, in 'Cartas a Lucílio'


A Melhor Prova duma Real Amizade 

A melhor prova duma real amizade está em evitar os compromissos entre aqueles que se estimam. Ainda que devendo muito aos que muito me louvam, eu não quero ser-lhes obrigada pela gratidão. Mas sim grata porque estou com eles, devido a circunstâncias que a todos nós agradam e são um laço mais entre nós, sem constituírem um dever. Eu pretendo dizer da amizade o que Diógenes dizia do dinheiro: que ele o reavia dos seus amigos, e não que o pedia. Pois aquilo que os outros têm pelo sentimento comum não se pede, é património comum. Neste caso, a amizade.
Agustina Bessa-Luís, in 'Dicionário Imperfeito'


Amizade na Empatia Divergente 

As pessoas que mais admiro são aquelas que melhor divergem da minha pessoa. Claro está, só se diverge de outrem dentro do que nos é comum. Porque há quem nada tenha de comum connosco, nem sequer a própria existência e a mesma humanidade. E não esqueçamos que o espaço e o tempo são aparências por nós fabricadas para dar passo ao espírito e não lenha para nos queimarmos. Ao mesmo tempo e no mesmo espaço podem juntar-se as pessoas mais alheias entre si e como não acontece na História em tempos e espaços diferentes. A universalidade humana é tão vária que pode um satisfazer inteiramente a sua e sem que lhe passe sequer pela cabeça a de outro que satisfaça também completamente a dele.
O tempo de cada qual é o justo para si. Não é dado a ninguém a ocasião da polícia do tempo de outrem. De modo que à porta da nossa intimidade havemos de pôr a admiração por aquele que vai entrar, tanto em quanto diverge como em quanto coincide connosco. Por outras palavras: não vale mais o nosso mistério do que o de outro qualquer. Só o mistério chega inteiro ao fim.
Almada Negreiros, in 'Textos de Intervenção'

13 comentários:

  1. bem Zé!

    para dia chuvoso
    pardacento
    lamacento

    temos que admitir que inspiração não faltou...

    e os seus convidados
    Séneca
    Agustina
    e Almada Negreiros

    estão em boa companhia...

    Obrigada pelo poema!

    um abraço
    de uma verdadeira amiga

    Manuela

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  2. A AMIZADE


    A Amizade
    é alheia
    divertida

    Diversa
    estranha
    e comprida

    É a Amizade
    divergência
    é a vontade
    de a abrir
    em salutar
    convergência

    Dizes tu sim
    eu um não
    e depois
    qual a diferença
    do que vai no coração


    Jaime Latino Ferreira
    Estoril, 3 de Janeiro de 2010

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  3. Manuela,

    Obrigado pelo elogio, vindo sobretudo de uma verdadeira amiga, generosamente complacente.

    Gostarei sempre muito mais dos seus textos dos que dos minhas parcas e insulsas incursões poéticas.

    Colocando-me desde já de fora como autor, sugiro a criação futura de uma Fundação dos Autores por Mérito Próprio, dando corpo a um intercâmbio de escritos, em prosa e verso, tendo como fito, por exemplo, uma publicação anual, compilada a partir de diferentes contribuições, escolhidas pelos próprios autores.

    Aceito contar-sugestões.

    É bom estar de volta, com a migos assim!

    José

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  4. Manuela,
    No final quis dizer: aceito contra-sugestões...

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  5. Caro Jaime,

    Olha lá...Muito Boa essa deixa.

    Se o Almada fosse vivo por certo te daria luta, ou talvez não, pois no fundo, corroboras a tese dele, sobre a Amizade na Divergência.

    Para não me repetir, lê o que acima sugeri à Manuela, e dá-me a tua opinião.

    Acho que a qualidade que vocês e bastante mais gente,incognitamente vão produzindo, merece difusão mais ampla do que este espaço, que entre amigos, vamos partilhando.

    José

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  6. JOSÉ FERREIRA


    Caríssimo,

    Com que então Fundação dos Autores por Mérito Próprio ...

    Como se não me bastasse já o ser autor por mérito próprio, vens tu, agora, sugerir uma fundação!

    Se te colocas desde já de fora como autor então serás, seguramente, a pessoa indicada para curador ou presidente da dita em prol do intercâmbio entre os tais autores com vista à compilação de escritos feitos por estes e em benefício de todos.

    Que achas!?

    Abraços


    Jaime Latino Ferreira
    Estoril, 3 de Janeiro de 2010

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  7. "Para os Amigos

    De entre todos, apenas vós
    tendes direito a ver-me
    fracassar. Onde caio
    entre a vossa irónica
    doçura implacável, convosco
    partilho o pão e o espaço
    e a rapidez dos olhos
    sobre o que fica (sempre)
    para dar ou dizer.
    E de vós me levanto
    e vos levo pesando
    e ardendo até onde
    me ajudais a ser
    melhor ou talvez
    menos só.
    (Vítor Matos e Sá)

    José, Olá!

    Que bom tê-lo de volta. Mesmo muito bom. E a propósito de Amigos, supra lhe deixo um dos poemas de que gosto sobre amigos, falando em tê-los...

    Um beijinho.
    dulce

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  8. Dulce, minha Cara Dulce,

    Eu é que me rejubilo pela sua reiterada presença. Há pessoas assim. Tocam-nos cá dentro.

    De igual modo, grato lhe fico - para além das suas ternas palavras - pelo poema do Mestre Costa Matos, que não conhecia.

    Lamento nunca ter tido a oportunidade de ser seu aluno, numa das cadeiras que mais gostei(e gosto)

    Um beijo afectuoso

    José

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  9. Caro Jaime,

    Olha lá, és meu amigo ou quê(?!)

    Já não se pode aventar uma ideia e logo me queres colocar aos ombros o ónus de cargos que não posso desempenhar?

    É pá, lembra-te que ainda me encontro em convalescença!

    De qualquer modo, sei que o fizeste sem intenção malevolente.

    Aproveito para te dizer que para além das maleitas óptico-visuais, de igual modo não reúno condições de sensibilidade e conhecimentos literários para, cabalmente, poder executar tal função.

    Não se trata de fugir com o não-dito à seringa.

    Acho que a ideia merece desenvolvimento e debate adequados nos vossos espaços.(como Fundação, Grémio, Associação, Núcleo sei lá, com qualquer outro nome)

    Que tal?

    Um abraço,

    José

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  10. ZÉZINHO


    Meu Caro,

    Tens cá um dom de virar o bico ao prego ...!

    E depois, estou vendo, as tuas maleitas lá te vão servindo de precioso alibi:

    Está visto, lanças os foguetes e ala, quem quiser que apanhe com/as canas ...

    Agora a sério:

    Eu, pela minha parte, tenciono permanecer fiel ao fio condutor que me transporta no meu blogue que não visa tanto avaliar ou promover méritos próprios de autores terceiros mas aquele que, eventualmente, dele possa emergir ...

    Já sei, vais-me, de novo, chamar egocêntrico mas a verdade é que um blogue, cada qual, tem a sua própria egocentralidade.

    Quanto ao mais, o tempo o dirá ...!

    Um abraço grande e vê lá se te poupas


    Jaime Latino Ferreira
    Estoril, 4 de Janeiro de 2010

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  11. Caro Jaime,

    Talvez tenhas uma ponta de razão. Mas não te aproveites, pois:

    a)A intenção elevada e séria, naq criação de um sitio de prosadores, poetas e pensantes críticos a dar a cara, em espaço supra-cibernético, vai faltando.
    b) por isso inseri, no meu blogue, o último artigo do Mário Crespo. Leste?
    c) Concordo que, quando a qualidade e o mérito são insofismaveis, dar boleia a terceiros é um pouco dar "pérolas a porcos".

    Assim:

    Mantenhamos a corda com tensão reduzida, i.e., deixa poisar esta coisa!

    Um abraço,

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  12. JOSÉ FERREIRA


    Meu Caro

    ( sempre a medo de te estar a forçar a vista )

    Pérolas a porcos ... francamente, olha que tu!!!

    Sim, li o artigo do Mário Crespo mas hoje é o tal dia em que chego exausto a casa, daí não lhe ter aposto qualquer comentário, talvez amanhã ...

    Finalmente, se se justifica a criação de um tal sítio supra-cibernético como lhe chamas mantenhamos então a corda em tensão reduzida para que sobre o assunto assentem as poeiras até que melhor o possamos ver.

    Um Abraço


    Jaime Latino Ferreira
    Estoril, 4 de Janeiro de 2010

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  13. Pois acho que deveriam criar sim, o tal sítio de prosadores...

    Talento é o que não falta para vocês,com bajulação e tudo!


    rsrsrsrs



    Eita que me empolguei!



    São poesias de todos os lados,com direito à música de qualidade, textos impecáveis...


    Boa ideia.


    José, chamas de parcas incursões poéticas? Imagino quando forem Fartas!...


    Beijoquinhas,

    Linda. Diretamente de Olinda!

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