terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Obrigado Amigos!


Não.
Não resisti e fui dar uma espreitadela, fugaz direi, aos vossos últimos trabalhos, (começo a considerar este tipo de actividade um trabalho; infelizmente não remunerado) quer criativos quer críticos das criações. Sem surpresa, constato que a qualidade persiste.
Gostaria de esclarecer que este impulso - nem que a vista me doa - não me foi, nem será possível sustê-lo, impedi-lo, pois cá dentro, ao ler-vos (pecado venal à irresistível atracção de vos ler) algo me impele, a dizer, que do pouco que li, devo agradecer-vos, pela vossa recorrente lembrança, pela vossa Amizade afinal, repleta de ternura e carinho.
Portanto, por favor, não se sintam culpados.
É de facto Bom, muito Bom , ter Amigos como vocês, sobretudo quando nem sequer nos conhecemos pessoalmente.
Por razões de mera Justiça, desejaria de agradecer em particular, nos seus espaços (nucleares) à Manuela, ao Jaime, (que, pelo telefone, me tem sustido nas incursões bloguistas) à Linda e à Dulce pela lembrança reiterada que me deixa sem palavras. À Vera Vilhena e NSD pela Amizade e cuidados de proximidade  bem como de apoio directo e  por email que têm abundantemente produzido.
Para vosso descanso, direi que não me aventurei pelos vossos trabalhos  passados  reservando-os para momento mais adequado, pelo menos para quando a visão melhor me o permitir. Confirmo igualmente que estou a escrever estas linhas no Word em tamanho suficientemente grande para o ir percebendo, copiando-o depois para os vossos espaços.
Finalmente, direi que o que de melhor desejo para todos Vós, para 2010 (e subsequentes) é o que, cada um de per si, deseje, se venha a realizar. (seja o que for)
Para mim, se tudo o que almejo não consiga, pelo menos  bastar-me-á, acreditem,  o prazer de continuar a ter-vos como Amigos.
Cá de dentro, com muita Amizade,
Beijos e abraços do

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Jejum visual

Caros Amigos,

Por imposição médica, estou, até ver, (neste caso, ver melhor) proibido de utilizar a visão em esforço, o que me remete para uma situação de abstinência visual, com fortes restrições na utilização do PC, TV, escrever, pintar ou ler textos escritos...
 
Posso ouvir música, rádio e TV (sem cair na tentação de a ver!
 
Estou em tratamento intensivo, embora alguns danos na retina, sejam já irreparáveis.

Assim, Amigos, com grande desgosto, vou estar uns tempos fora de combate.
 
Asseguro-vos que volverei tão breve quanto me seja permitido!
 
Se o médico vier a ter conhecimento desta inserção, por certo me irá dar na cabeça!

Beijos e abraços para todos, vou ter saudades deste bocados, creiam-me.

Até breve, espero!

José Ferreira

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Português ou Ibérico?



Vão fazer amanhã, dia 1 de Dezembro de 2009, 369 anos que nos livramos da monarquia Filipina.

As perguntas que me ocorrem, olhando, restrospectivamente a História, são:

• Será que valeu a pena?
• Estaríamos hoje, melhor se fossemos um só país, a Ibéria?
• Para além do dialecto, português, entre outros, qual seria a língua oficial?
• Já teríamos TVG até Lisboa e Porto?
• Onde se situaria a Assembleia da República?
• Teria D. Juan Carlos mais direitos dinásticos que D. Duarte?
• Teríamos, em futebol, um Real Lisboa e um Real Madrid?
• Teríamos um salário mínimo mais elevado, igual ao deles, actualmente?
• Seríamos mais fortes como pais?
• Teremos, com a revolução de 1640 desperdiçado uma oportunidade de sermos, hoje,maiores e mais importantes?


Sinceramente, por muito orgulho que tenha em ser português, muito difícil se torna responder às questões acima formuladas.


Eu por mim vou instigando os meus filhos a aprender espanhol, mais do que francês.
Será, pragmaticamente, uma decisão acertada, julgo.

O Advento, Tradição ou Fé Cristã?




Que me desculpem os cristãos em geral e, em particular os católicos, mas dando uma interpretação literal ao vocábulo advento, confrontando-o com a simbologia cristã, poderei, julgo, também eu dissertar acerca de ambas as concepções, não tentando sobrepor, uma à outra, mas, pelo contrário, demonstrar a minha crença vacilante quanto à exaltação cristã do Advento, isto tendo em consideração o estado actual em que nos encontramos, globalmente.
Considerando toda a inculcada e sistematizada prática da liturgia e mística cristã, concluo que se trata de uma expectativa, reiterada, de rituais exultantes,  que culminam com a celebração da primeira vinda de Jesus.
Se olharmos com seriedade para esta evidência, concluiremos que a celebração do Natal, é hoje, em termos religiosos, um acto inócuo, sem qualquer significado litúrgico para uma grande maioria dos cristãos, a não ser a tradição de o celebrar.
Modestamente, considero assim a Época do Tempo do Advento como um consistente exemplo de praxismo espiritual, muito mais do que um acto de Fé Cristã.
Acreditarei e recomendarei muito mais, a todos os habitantes deste Planeta, mais do que utilizarem praxis litúrgicas, se concentrem na acepção do vocábulo em si, aplicando-o e praticando-o, independentemente da língua ou crença religiosa…
...por forma que possa resultar, consequentemente, em favor da erradicação, neste Planeta, da guerra, da fome, da iliteracia, da pobreza, da compreensão dos Direitos Fundamentais do Ser Humano, Animais e Ambiente, do Respeito Universal pela diferença de Ideias…
…perfilando-me, de peito aberto,
com fervoroso Apelo de Esperança a Quem me venha a ler e de igual modo o pratique, Todos os Dias, fora das práticas compulsivas.
Por consideração, mais do que convicção, aos alegados primeiros Habitantes do Planeta, acenderei a primeira vela, na Esperança que Todos consigamos, com fé religiosa, ou sem ela, em equidistância, mudar para Melhor este Planeta!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Artista e o Crítico

Pela sua extraordinária cultura Universalista, pensador que muito admiro, passo um pensamento reflexivo do Mestre Agostinho da Silva, com o qual me identifico.



É elementar que o artista não cria a realidade; vai buscar os materiais que se lhe oferecem, que lhe são comuns com os outros homens; na escolha deles residem o seu primeiro trabalho e a sua primeira prova; em seguida — e aqui temos a sua tarefa mais alta — tece um certo número de relações entre esses elementos; quanto mais amplas elas forem, de mais universal carácter e valor, tanto mais elevado será o poema; mas, até nos casos mais simples, surge com a obra um mundo novo, um mundo que não existia com tal arquitectura, com tal ordem.                           
Se cabe ao poeta ou ao escultor criar um universo, cabe ao crítico criar um artista; dele também não existem, antes da empresa crítica, senão os elementos dispersos, os vários traços dos seus versos ou das suas estátuas; Fídias ou Milton só passam verdadeiramente a ser quando encontram Collignon e Macaulay; os Erasmos de dois autores diferentes são diferentes, como são diferentes as árvores de Cláudio Lorena e as árvores de Beruete; se quiséssemos entrar na carreira de colocar as artes em degraus poríamos o crítico no mais alto de todos: porque é a ele que compete a missão de criar o criador; tem, na arte, o trabalho que tomam para si o teólogo e o filósofo no mundo mais vasto do pensamento. Não temos nada a objectar a que o artista não ouça o crítico, embora, se esmiuçássemos, acabássemos por ter de reconhecer tal caminho como impossível; suponhamos que é sempre o contrário que se tem que dar: é o crítico quem deve seguir, com amorosa atenção, a fantasia do artista. Nada, portanto, de crítica normativa; só explicativa e ressoadora (como se tudo isto não incluísse sempre uma norma); faça o artista o que quiser, ninguém lhe dê conselhos, e se lhos derem ria o artista; a sua órbita depende da sua vontade; rume a que céus quiser e seja imprevisível.
Mas, como o crítico é também um artista, tem ele mesmo o direito de exigir que lhe não ponham barreiras, que o deixem ser à vontade juiz ou ampliador e que o expliquem depois, se quiserem; é ilógico impor limites ao crítico, quando se quebram esses limites em nome da liberdade de criação; ou um e outro os devem ter, e nesse caso o crítico pode ser pedagógico (que haverá não pedagógico?) e o artista tem de o escutar e seguir, ou se derrubam para todos e então nada de regras e manuais destinados aos críticos; a atitude a escolher é uma só: tudo o mais confusão e prosa inútil.

Agostinho da Silva, in 'Diário de Alcestes' 

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Será que continuamos a ser Imbecis?

Passo sem mais comentários. Mais Palavras para quê?


"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,
aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias,
sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice,
pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem,
nem onde está, nem para onde vai;
um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,
e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que
um lampejo misterioso da alma nacional,
reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.


Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,
não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha,
sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima,
descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas,
capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação,
da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam,
entre a indiferença geral, escândalos monstruosos,
absolutamente inverosímeis no Limoeiro.


Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;
este criado de quarto do moderador; e este, finalmente,
tornado absoluto pela abdicação unânime do País.


A justiça ao arbítrio da Política,
torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.


Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,
incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico
e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos,
iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero,
e não se malgando e fundindo, apesar disso,
pela razão que alguém deu no parlamento,
de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar." 

Guerra Junqueiro, 1896.

sábado, 14 de novembro de 2009

Gato por lebre, ou qualidade?


Foi com alguma carga de nostalgia, por um lado e surpresa, por outro, que fui confrontado com a recente gastronómica reunião dos cineastas,  Coppola e  Cronenberg e o escritor DeLillo no restaurante Visconde da Luz em Cascais.

Nostalgia, pois o Visconde da Luz, foi durante bastante tempo, o meu restaurante de eleição, quer em festejos familiares, quer em eventos profissionais.

Aí me acolhiam sempre com  amigável simpatia  e profissionalismo à prova de bala um dos proprietários, o Casaleiro (já arredado faz tempo) o Xico Freire ou o Manel Cerqueira.

Surpresa, porque não obstante a enorme quantidade de oferta existente na área, alguém tenha tido a ideia de escolher o Visconde da Luz ( suponho que terá sido do Paulo Branco) para satisfazer os assumidos requintados gostos gastronómicos de tão importantes figuras da cultura Universal.

Desde que me mudei para esta zona Eiriceirence, que deixei de frequentar tão assiduamente o Visconde da Luz.
Faz já  mais de 6 anos que ali não poiso. De facto, também aqui , nesta zona, se come muito bem, incluindo o peixe fresco e o marisco.

Finalizo, expressando a razão principal desta asserção.

Quando a qualidade persiste e sobrevive tanto tempo, valerá a pena perguntar:

Porque continua a subsistir a intenção, a prática, de vender gato por lebre?

Finalmente e para que não sobreviva a ideia errada que só se come bem em restaurantes caros, (neste caso, através da quase apologia ao Visconde da Luz) devo confessar a minha, ainda hoje inculcada apetência para experimentar ou petiscar nas chamadas tascas, ou restaurantes familiares.

Recordo por exemplo, as paradigmáticas tascas nortenhas, que, pessoalmente, considero  como dos grandes expoentes da arte de bem comer, " A Tasca da Vila Meã  e o "Aleixo", ambas no Porto.

domingo, 8 de novembro de 2009

Ainda curiosidades linguísticas

Escrevi aqui faz algum tempo, um artigo sobre "curiosidades linguísticas", na circunstância, ocorridas em Milão.

Numa delas, descrevi a surpresa da utilização, em Itália - para mim pejorativa - do vocábulo "portuguese" significando ou relacionando o mesmo ao acto de entrar de salto, sem pagar, fosse onde fosse.
Como então escrevi, não consegui em Milão, encontrar justificação para aplicação de tal epíteto.

Hoje mesmo, por generosa comparticipação de uma Amiga e vizinha, a Isabel, consegui, finalmente, compreender a relação entre a palavra e os actos que terão justificado a aplicação da mesma, facto que ainda hoje perdura.

Assim passo, por palavras suas, o que me foi transmitido:
cito

"Zé,
De vez em quando espreito os blogs dos amigos, e desta, achei imensa graça ao seu comentário aos "portuguese".
Uns amigos meus, de Roma, contaram-me que esse termo vem de 1516, aquando duma Embaixada que D.Manuel I enviou a Roma e da qual constava um Elefante para ofertar ao Papa Leão X.
Tal como hoje... os portugueses, abusando da recepção que lhes foi feita, entraram,comeram e beberam em todos os lados agradecendo (supostamente...) mas sem pagar....
Portanto, desde aí, tudo que entrasse à borla, passou a ser conhecido por "portuguese"
Há um obelisco com um elefante, frente à Igreja Sª Mª Sopra Minerva, em Roma.
Quis confirmar a história, mas na Wikipédia , apenas aprendi o nome do Elefante : Hanno!"
Fim de citação

Sempre a aprender, até morrer.
Obrigado Bé!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Ainda 365


Hoje vou ser parco em palavras.

Acedo só para expressar uma analogia simples que me aflorou ao acordar, sobre duas ocorrências diversas, coincidentes temporalmente.

Trata-se da comemoração da passagem de 365 dias sobre essas ocorrências.
Uma refere-se a B.H.O e outra a J.L.F.

O primeiro é norte-americano, presidente dum país enorme, esgrimindo, diariamente, com a política.

O segundo é português, prolífero literato em verso e em prosa, esgrimista exímio da palavra escrita.

Ambos perfizeram recentemente 365 dias de actividades distintas, que segui e continuarei a seguir com interesse.

A ambos presto a minha modesta homenagem.

domingo, 1 de novembro de 2009

Pontualidade ou a falta dela








Sou fervoroso incondicional defensor e inveterado praticante da pontualidade.

É um tema recorrentemente penoso, para mim e sobretudo para os que mais de perto convivem comigo, pois sou acerbo e inexorável critico à falta de pontualidade.

Passou-se este Sábado com os meus filhotes, mais uma vez. Cheguei, como é meu hábito sensivelmente 10 minutos antes da hora que havíamos combinado de comum acordo, no dia anterior, ir busca-los a casa da mãe, às 10:00 horas. Não obstante os meus esforços através do telefone, (antes, durante e depois da hora marcada) acabei por ter de esperar quase 35 minutos para além da hora combinada.

Este procedimento, já classificado mais que uma vez, como obsessão, não passa de uma disciplina que assenta num principio simples, que o nosso querido professor Moniz Pereira, classifica como uma ofensa pessoal.

Cedo aprendi e ao longo dos anos me tem servido de referencial, uma experiência ocorrida no meu primeiro emprego. Aconteceu em 1963, era então trabalhador-estudante. Nesse dia,e por impossibilidade do meu chefe, o Augustin Fernandez, fui encarregado de acompanhar um americano (cujo nome já não me recordo) da Pratt & Whitney, fabricante, entre outras coisas, dos reactores do Boeing 707.

A missão era simples, pois tratava-se de ir busca-lo ao hotel Tivoli, na Avenida da Liberdade e leva-lo à TAP, no aeroporto de Lisboa. Isto para dar cumprimento a uma reunião marcada, atempadamente, com o Comandante Roger de Avelar, e, após a mesma, voltar com ele ao escritório.

A entrevista estava agendada para a 09:00 horas da manhã com uma duração máxima de 1 hora, igualmente definida , aquando da marcação.

Por muito que se estranhe, já naquela altura, atravessar Lisboa de automóvel era uma aventura. Por falta de experiência e à boa maneira portuguesa calculei que 30 minutos seriam mais que suficientes para, atempadamente, chegar à entrevista. Assim, às 08:30 lá cheguei ao hotel tendo arrancado de imediato com o homem da P&W.

Para além do tráfego infernal até ao aeroporto e demora na recepção (por acumulação de visitantes) à entrada do espaço da TAP, facultando dados pessoais à segurança, chegámos ao gabinete do comandante Avelar às 09:20H.

Após anúncio de chegada, a sua secretária introduziu-nos de imediato na sala de reuniões,contigua ao gabinete de trabalho. Após os cumprimentos e as minhas esfarrapadas desculpas pelo atraso, o comandante Avelar, em tom solene, disse simplesmente: caros senhores, esta entrevista estava programada para durar 60 minutos. Considerando o vosso atraso, a mesma fica restrita a 40 minutos.

E durou de facto só 40 minutos, sem direito a um minuto de extensão que fosse.

Foi uma lição que nunca mais esqueci, mantendo, ainda hoje, uma metodologia simples: prefiro chegar meia hora antes do que cinco minutos atrasado. Por esse facto, considero a falta de pontualidade um défice de consideração, tal como o professor Moniz Pereira, uma ofensa pessoal.

A este propósito, recordo igualmente um caso, citado pelo nosso saudoso Raul Solnado, como ocorrido com ele próprio.

Ele teria um espectáculo marcado no Porto. Por uma questão de comodidade e rapidez, terá optado ir de avião, nesse mesmo dia, em voo com suficiente tempo que lhe daria até para comer qualquer coisa antes do programado espectáculo.

Todavia, devido a um dos costumeiros e aborrecidos nevoeiros que usualmente, naquela época do ano ocorriam, o voo teve um atraso significativo, implicando que o Raul não chegou à hora marcada. Efectuou, da melhor forma que lhe foi possível, uma apresentação de desculpas ao público que pacientemente o havia esperado, enfatizando a responsabilidade da instabilidade meteorológica, justificação que terá sido maioritariamente aceite pela assistência, à excepção de um dos presentes sentado, algures na plateia, que disparou: Prá próxima vê se vens no dia anterior!

Por experiência, sobretudo profissional, devo confessar, que me é frustrante e doloroso constatar que ainda hoje a falta de pontualidade é (re)corrente, usual, quase sistémica quer em Portugal, quer no resto da Europa de expressão latina, com especial incidência em Espanha, França e Itália. Ao contrário, pela prática colhida, onde encontrei maior rigor com a pontualidade foi na Alemanha, à frente, com destaque da Inglaterra, secundados pela Bélgica e países nórdicos.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Retórica, chega?

Tal como muito boa gente, começo a estar cansado de ouvir.

Não de ouvir tudo, mas tão só o que me tenta enganar, o que me obriga a ouvir de novo, sem esperança.

Cansado de ouvir sobretudo gente política, ou afins, comentadores, fazedores de opinião, sindicalistas, grupos de classes profissionais, associações, profissionais e empresariais, etc. que falam, falam e tornam a falar, despejando toneladas de palavras, toneladas de coisas, invariavelmente, sempre com o mesmo fito: convencer os seus opositores, a sua classe, organização ou genericamente, quem os ouve.

Como é evidente, trata-se de uma técnica, (ou arte?) de convencer ou tentar fazê-lo, agora com acrescido poder de disseminação dos media, sobretudo da televisão.

Pegando num tema incontestavelmente actual, referirei todo o processo eleitoral recente, conducente aos resultados conhecidos, culminando na formação do governo recentemente empossado.

Desde a metodologia do assumido diálogo do governo com os restantes partidos com assento parlamentar, até aos seus resultados práticos, direi que duvido quer da intenção do promotor, quer da intenção dos que a ela aderiram.

Isto porque de facto, após os diferentes diálogos, foi evidente a predominância da retórica, ao que essencialmente seria de esperar. Quer do governo, quer dos partidos.

Teremos de admitir que todo este esquema de democracia actual, implica uma indiscutível e evidente asseguração de emprego, (mais ou menos bem remunerado, dependendo do cargo) para uma enormíssima quantidade de gente. Logo, a defesa dos postos de trabalho é um imperativo, quer social, quer institucional fora de qualquer discussão, pois ao faze-lo estaríamos a colocar a própria democracia em questão. (!?)

Não escondo assim a minha desilusão, por todo este ambiente de retórica (sofista) em que se vão envolvendo todos os participantes, não se preocupando efectivamente em distinguir o que é justo ou certo fazer, mas antes tentar convencer os antagonistas e restantes espectadores anónimos (todos nós, votantes e não votantes) de que a sua razão é a melhor, evitando assim, partilhar, dividir, abdicar, condescender, até encontrar, de facto o que é necessário e útil a uma maioria, alheia aos interesses de uma minoria dominante, (política) que, sem pudor, vai defendendo os seus próprios interesses em detrimento daquela maioria que sofre dos seus, minoritários representativos desentendimentos.

Não sei o que irá resultar a discussão e eventual aprovação ou rejeição do Orçamento de Estado, mas há uma certeza que se me perfila: se a persistência dos partidos, incluindo o governo, mantiverem o princípio da figura da retórica, como artifício de linguagem, modificando o significado do exequível, como imperativo, longe estaremos de encontrar solução para os problemas que nos afligem e são muitos, como sabemos.

Se tal suceder - e optimisticamente, espero que não suceda - teremos em uníssono de apontar o dedo aos partidos, todos, sem excepção, que serão, passarão a ser, responsáveis pelo descrédito acrescido da legitimidade na sua efectiva representatividade, pior, na continuada incapacidade de resolver os reais problemas deste país à beira mar plantado.

Há que mudar o paradigma e começar a FAZER, além de falar.

Como dizia o meu avô: Deixem-se de conversas! É tempo de arregaçar as mangas e meter as mãos na caca!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Curiosidade linguísticas



Como suponho já ter tornado público neste espaço, por obrigação profissional, fui visitante frequente da cidade de Milão, umas vezes de passagem, outras com estadias mais prolongadas.


Nos diferentes contactos que fui efectuando, um houve que se tornou incontornável. Tratou-se do D. A. (por razões meramente de respeito à privacidade do citado e sua família, não mencionarei explicitamente os respectivos nomes)

Nessa altura, teríamos aproximadamente a mesma idade, rondando os vinte e sete anos. O D.A. era por formação, engenheiro químico, responsável executivo pela comercialização doméstica e internacional da produção de uma pequena mas eficiente fábrica, que o grupo possuía em Subiaco, (pequena comuna a cerca de 60 quilómetros de Roma, onde a família Medici, terá possuído um palácio de férias) que produzia os produtos que nós aqui, em Portugal, importávamos e distribuíamos em exclusividade.

Possuía uma personalidade transbordante de vivacidade e, ao longo do tempo, foi-se entre nós, cimentando uma sólida amizade.

Tinha passado, a titulo esporádico e passageiro, no auge da sua vida universitária, pelas Brigate Rosse (por cá conhecidas como as Brigadas Vermelhas, usualmente confundidas, na época, como ligadas à Baader-Meinhof, alemã, o que não era exacto)

Dado a conhecido extremismo nas actuações daquele movimento, cedo me assegurou que, no curto tempo da sua permanência no movimento, jamais haver participado em acções violentas. O trabalho exterior mais relevante que teria executado, segundo ele, teria sido a distribuição e colagem mural de panfletos.

Pela amizade e sintonia de ideias em relação ao que experimentamos, enquanto estudantes, e, mais tarde, nas áreas da nossa actividade profissional, quer ainda pelas opiniões que partilhávamos em relação ao Mundo, acabamos de ser visitas, reciprocas, aos nossos nichos familiares, eu mais na casa dele, em Milão, do que ele na minha, em Linda-A-Velha.

Assim, foi com naturalidade que passei a ir jantar a sua casa em Milão, cidade onde o Grupo tinha a sua sede. G., a sua mulher, para além da sua afabilidade e efusiva simpatia, era uma excelente cozinheira e recusar um convite para ir comer lá a casa, era quase um sacrilégio.

Uma das vezes, tive o gosto de conhecer o pai do D.A. homem dos seus 60 anos, bem conservados, pessoa encantadora e com uma cultura geral bastante evidente, nascido e vivido em Génova, incluindo a vida académica, assumindo-se como um genovês de boa gema, não pretendendo ser considerado nem mais, nem menos, do que isso exactamente.

Após um lauto jantar e já degustando um vinho do Porto, que daqui levara (costume que se enraizou com o velho sentimento de reciprocar a gentileza dos convites) no decurso de amena cavaqueira, foi inevitável falarmos das históricas relações entre a Itália e Portugal a nível cultural, espiritual e de partilha de empreendimentos, sobretudo no âmbito da navegação marítima do século XV.

Palavra puxa palavra e já não me recordo bem porquê, o pai do D.A. começou a falar em dialecto genovês,(por ele enfatizado, já ser muito pouco usado)de qualquer forma, assaz diferente da língua italiana.

Julgo que a culpa terá sido minha, pois, por simpatia, atendendo à origem genovesa do simpático chefe do clã A., não me contive em referir, em termos elogiosos, claro, o grande navegador Colombo, também ele genovês.

Até aqui nada de estranho a não ser o espanto do D.A., de seu pai, da G. e meu próprio, quando descobri e fiz constar aos presentes, que conseguia entender perfeitamente (talvez em 95%, ou mais) o que o pai do D.A. ia verbalizando em dialecto genovês, coisa que o próprio D.A. e a G. Não conseguiam de todo!

Para possibilitar alguma compreensão e introduzir credibilidade suficiente ao acontecido, ensaiei replicar ao pai do D.A., não em genovês, mas em português tendo o entendimento resultado com algum grau de percepção, isto segundo o alegado pelo genovês,senhor A. pai do D.A.

Após alguma discussão, se foi inculcando nos presentes a convicção de que esta semelhança de vocalidade quase lexical, terá tido, pela certa, origem no fecundo intercâmbio marítimo dos dois povos nos séculos XV e XVI, e assim contribuído, definitivamente, para que o dialecto assim falado em Génova, se assemelhasse tanto à língua portuguesa.

Ainda no âmbito das surpresas e curiosidades linguísticas, mencionarei, outra também ocorrida em Milão, não desta vez, mas numa outra.

Ao passar, de manhã, por um quiosque de rua, apercebi-me que um dos diários expostos, referindo-se ao jogo do dia anterior entre o Inter e o Milão, colocava em título destacado, a grande enchente verificada ao estádio pelos tifosi de ambos os clubes, na qual estariam incluídos, pelo menos 3.000 “portuguese”.

Como é óbvio, fiquei surpreendido, pois para além de Milão na altura, não ser um destino tipico de emigração portuguesa, tratava-se ainda de um derby 100% milanês.

Ao comentar a minha surpresa com o D.A. sobre esta citação jornalística, fiquei então a saber que a designação “portuguese” se aplicava usual e simplesmente para designar os indivíduos que entravam nos estádios sem pagar bilhete! (em bom português "de salto")

Não consegui uma explicação cabal quanto à razão desta classificação, tendo concluído, mais uma vez, que a mesma estará relacionada com aquilo que, um ou mais portugueses, algures no tempo, terão perpetrado, localmente, para justificar a utilização de tal apodo!

Coincidências?

terça-feira, 20 de outubro de 2009

RETRIBUIÇÕES E RECONHECIMENTOS DEVIDOS


Não se trata de uma mera troca de galhardetes, nem tão pouco de um pungente lamento, estulto ou lamechas.

Será mais o retrato de um homem, a preto e branco,(neste caso a azul e preto) endereçado aos seus amigos.

Trata-se, afinal, de reconhecer o mérito de uma porção de indivíduos, de ambos os sexos, devo dize-lo, que decisivamente têm sido os responsáveis pela minha libertação ao ostracismo que a mim próprio havia imposto, refugiando-me, faz largos meses, em mutismo conventual, quase inexpugnável.

A tal ponto esta atitude, meramente existencial, convictamente assumida por mágoa, cansaço e frustração na relação com as pessoas, sobretudo as mais próximas, que hoje reconheço, com lucidez, ter resultado em magoar muita gente, incluindo os meus descendentes, que adoro, e foram, igualmente, vitimas de tal procedimento.

Foi, possivelmente, uma atitude mais penitente e auto-flageladora, do que friamente calculada com o fito de directa ou indirectamente, punir fosse quem fosse. Tratou-se portanto de uma decisão tomada e assumida, resultante de factores causais exteriores, que foram sendo cumulativamente, assimilados de forma endógena.

Por necessidade intelectual, por um lado e afectiva, por outro, antes de uma explosão eminente, decidi iniciar recentemente, uma experiência de reaproximação ao Mundo Vivo, às Pessoas, quer pessoalmente, quer através dos meios virtuais que se me eram oferecidos.

Inicialmente titubeante, foi-se-me apurando o gosto de perdoar, dialogar, comentar e replicar, assumir e aceitar assimetrias e, sobretudo, disponibilizar a minha imagem própria, a que penso ser real, de peito aberto, sem rodeios, subtilezas ou malogros calculados, conducentes a falaciosas interpretações.

Talvez inadvertidamente, terei, neste curto percurso, susceptibilizado alguns. Que me desculpem os atingidos, se foi esse o caso. Por vezes, ser desabridamente espontâneo, incorpora esse risco e concomitantes inconvenientes.

Assim, sinto-me no dever de exaltar, sem preconceitos, alguns dos principais obreiros de tal mutação, começando pelo Jaime Latino Ferreira, pela sua inultrapassável qualidade expressiva quer como prosador quer como versejador, quase sempre abordando conteúdos provocatórios, mordazes, satíricos por vezes, à Manuela Baptista, pela sua azougada, densa e sempre bem humorada escrita, (por vezes timburtiana) à terna e errante presença da Renata Vasconcelos, no campo da blogosfera.

No campo do relacionamento pessoal ou através de email, o calor humano da Vera Vilhena e Nanã Sousa Dias, da Manuela Marques, da Lina do Luis da Joana e do João Completo, da Fernanda Mesquita e do Tó, do Zé Manuel Cardoso, do Hermínio Caetano, do Bernard De Coster, do Jean Perrot, da Anouska Bagarre e ainda dos meus ex-camaradas de armas, Antero Bento, António Patrão, Florentino Vilhena,Galo Faria, João Pires, João Martins, Luciano Simões, Manel Cunha e Zé Pinheiro.

No campo familiar, mencionarei com regozijo os meus seguidores pertinazes e críticos impiedosos, os filhotes, Joana, Miguel e Rita, que não obstante não se expressarem por escrito, o fazem copiosamente, em termos orais.

Na Natureza que diariamente me envolve, direi que os meus três cães, Terry, Snow e Reguila, bem como as águias de asa redonda, gralhas, corvos,gaivotas e melros, milhareiros, perdizes e codornizes, pintassilgos e pardais, raposas, texugos coelhos e toda a restante fauna que por aqui pulula, à qual também devo alguma da minha paz interior, pelo menos contemplativa.

Finalizo reiterando as minhas desculpas às(aos) muitas(os) mais que omito e seriam, certamente, merecedoras(es) de aqui serem mencionadas(os).

Obrigado a todas(os)!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Should Obama won the Nobel Peace Prize?

Por considerar oportuna, pertinente e lícita a dúvida formulada, passo, a propósito, um excerto de E.J. Dionne hoje publicado no site do The Washington Post, titulado: "A double-edged prize"
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Quote

I truly hate to say this, but I wish the Nobel Committee had held off on giving President Obama the Nobel Peace Prize. Of course I am happy Obama has improved our country’s standing in the world and I do believe his approach to other nations is a big improvement on the eight years that came before him. That’s clearly the message the Nobel Committee was sending.

But our domestic politics are so rancid that I can imagine Obama’s foes using this against him, not only by emphasizing that he still has much to get done but also by trying to argue -- remember John McCain’s “He’s the biggest celebrity in the world” ads? – that we should be suspicious of Obama precisely because he is so popular overseas.

If some of Obama’s critics could cheer Chicago losing the Olympics, we know what they will do with this. Who’d have thought that the administration would have to do a strange version of damage control on what should be a happy moment for the president? (By the way, Obama was smart to say: “I do not feel that I deserve to be in the company of so many of the transformative figures who've been honored by this prize.”) But maybe I’m being too gloomy, and I would love to be talked out of this view. What do you think?

Unquote

Foto: Reuters

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ideias novas, honestidade, precisam-se

Acabei de escutar e ver a "quadratura do circulo" agora recomposta por ausência do representante habitual do PS, alegadamente por estar ocupado com a campanha ao município de Lisboa.
Independentemente da vossa opinião, caso tenham visto/escutado, a minha é muito clara.
Três fazedores de opinião, mais ou menos ligados a partidos políticos, representantes comprovados dos três principais partidos mais votados nas últimas eleições, falaram durante quase uma hora dissecando a actualidade política, face aos últimos acontecimentos envolvendo os principais actores da actual telenovela mediática: Presidente vs Governo/Ps establishment.
Devo dizer-vos, desde já, que para mim, a partir da metade do tempo previsto, me foi penoso aguentar até ao fim. Todavia, estoicamente lá me mantive, até ao final.
Em exercício meramente eidético, se requerido, ser-me-ia extremamente difícil efectuar um resumo adequadamente claro, posto que, não obstante me considerar medianamente culto e informado, não entendi nada do que os ilustres oradores disseram, a não ser o que sub-entendidamente pretenderam dizer para " os segmentos de mercado para que assumidamente estavam a falar".
Essa constatação não me aflige de sobremaneira, posto que já se me vai tornando habitual presenciar e assistir a tais comportamentos, alegadamente representativos " da maioria do povo"
Daí a minha assumida desilusão, o meu descrédito e demérito incontornável que atribuo à classe política, razões mais que sobejas para me conduzirem ao meu actual estado de descrédito, na classe política em geral.
Volvendo à "quadratura do círculo" de hoje, extrapolando as minhas evocadas dúvidas de compreensão sobre o que foi falado, pergunto:
-Afinal aquela gente falou para quem?
-Quiseram dizer o quê?
-Porque não falam claro de molde a toda a gente entender?
-Falaram para entendedores de português, mirandês, minderico ou qualquer outro dialecto vernáculo cabalístico por descobrir?

É evidente que esta é a grande questão em Democracia.
Falar claro representa assumir compromissos, compromissos que representem uma efectiva satisfação das necessidades básicas, da maioria da população, sobretudo daquela mais necessitada ou que menor poder reivindicativo possui.
Teremos de reconhecer que tem vindo a crescer uma franja política significativa e alegadamente representativa de defesa dos interesses dos mais fracos.
Todavia persiste-me a dúvida: estarão esses agrupamentos, partidos políticos, efectivamente interessados no amelhoramento das classes e indivíduos que alegam representar, ou serão mais uma corja defendendo os seus próprios interesses de classe e inerentes recompensas materiais que o sistema magnanimamente coloca à sua disposição?
Acho que devemos, temos obrigação, de persistir na vigilância, metódica e implacável de tudo o que os eleitos vão aplicando em nome daqueles que os elegeram.
Eu que não votei, remeto-me e aceito portanto o indeclinável dever ético de me abster em matéria de representatividade político/partidária, mas não de ser amordaçado no indelével direito de clamar e reclamar as injustiças que o presente sistema representa com perfeita impunidade, para os seus actores, através de práticas políticas com contornos escandalosamente falaciosos.
Esta foi a minha conduta anterior, enquanto votei, sentindo-me quase sempre com algum sentimento de culpa mais ou menos directo, sobretudo quando o grupo político em que havia votado representava ou executava, só ou acompanhado, políticas erradas ou erróneas, lesivas da própria Democracia, muitas vezes.
Acho que hoje estou muito menos condicionado para reclamar, sem sentimento de culpa.
Tal como muita gente, também eu defendo a Democracia Representativa. Neste momento, temos de admitir o que é incontornável: 39,4% de abstenção, (passiva ou militante) corresponde, de facto, à maior representatividade dos eleitores inscritos.
Se este número não vier a servir de reflexão aos políticos, então a nossa Democracia estará a criar todas as condições para ficar ainda mais doente.

Panados, panados e...mais panados


Ontem jantei em casa de uma grande, querida e velha amiga. Não teve nada de especial a não ser os gratos momentos que passamos e partilhamos juntos, cavaqueando (também sobre o Cavaco) ela, o marido, o filho, a nora e os seus dois netos (estes foram para a cama cedo, pois estamos em período de aulas)
O que me aqui me faz postar hoje é tão só a curiosa e assaz inultrapassável evidência de que as memórias, (enquanto a Alzheimer não toma conta delas) nos fazem constantemente recordar que a vivência nos enriquece, culturalmente, todos os dias. (já o Luiz Vaz o dizia...)
Assim e porque o jantar, para além da sopinha, foi composto por panados de porco...
Recordo...
Faz muitos anos, a primeira vez que arribei a Milão, fiquei instalado no Hotel Duomo. (muito perto da praça onde se situa a catedral "Duomo" de Milão)
Sendo que era algo tarde, já com algumas horas de sol posto, estando faminto, não conhecendo a cidade, não querendo arriscar comer numa qualquer tasca, resolvi jantar no hotel. No restaurante e após a abordagem solícita do chefe de mesa, pedi no meu melhor italiano/espanholado se podia comer uma refeição tipicamente milanesa, pedido que foi entendido com promessa de pronta execução.
Assim foi de facto.
Espanto maior, não poderia ter quando me deparo com o prato ofertado:"Costoleta alla milanese" , que não é mais do que uma febra de porco panada.
Digo espanto, não porque cá em Portugal também se comesse essa "iguaria", mas porque na capital do país da minha primeira mulher, Viena de Austria, essa "iguaria" ali se comia também como especialidade local, designada, neste caso, como "Wiener schnitzel" Tratava-se de facto exactamente da mesma coisa, com nomes diversos
Conhecendo depois um pouco melhor Milão (fui lá pelo menos 14 vezes, que me recorde) os seus costumes e artes, incluindo a arquitectura, percebi melhor o que representou a influência do então Império Austro-Húngaro.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Mea culpa


Ontem, uma atenta, vivaz e muito querida amiga, postou, no blogue dela, (veravilhena.blogspot.com) um excerto do Eça de Queiroz, que retrata com a sua insuperável perspicácia, uma critica azeda aos pecados dos políticos, notórios naquela época, os quais, infelizmente, perduraram até aos nossos dias.
Hoje, em contra ponto e após as eleições de ontem, posto um artigo do saudoso Eduardo Prado Coelho que coloca a questão do nosso lado, do povo.
Ele teve a lucidez de nos deixar esta reflexão sobre todos nós, antes de falecer.(25/08/2007) Rele-lo, talvez nos faça sair desta hipnoblepsia atroz em que andamos, quase todos, votantes e abstencionistas.

Precisa-se de matéria prima para construir um País

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres.
Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.
O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país:
-Onde a falta de pontualidade é um hábito;
-Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
-Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
-Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
-Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
-Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
-Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços,
ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
-Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
-Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Já basta.
Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...
Fico triste.
Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa ?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados !
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um Messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.
Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:
Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável,
não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI
QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURA-LO NOUTRO LADO.
E você, o que pensa ?... MEDITE !
EDUARDO PRADO COELHO

Texto escrito por Eduardo Prado Coelho - in Público

Ainda música, grande poeta, grande voz

Como homenagem a dois grandes interpretes da língua portuguesa, uma cantante outro poeta, que dedico ao Brasil, com a Torre de Belém ao fundo...e muita amizade lusíada.

Música, ainda música...

A propósito do vozeirão da Leona, aqui vai mais um vozeirão, desta feita, de uma portuguesa que faz parte das minhas preferidas e gosto muito. Foi uma descoberta interessante, pois acho que ela vai bem melhor a cantar em inglês que na língua pátria...
Aliás é uma velha tradição cá "neste cantinho à beira mar plantado".(cantar bem em inglês) Só para citar um nome da minha geração, refiro o Paulo de Carvalho, rapaz que está a cantar como se tivesse 20 anos!

domingo, 27 de setembro de 2009

Mais música...

Não. Não é ainda a música pós-eleições. Façam o favor de se descontraírem, partilhando comigo a extraordinária voz da Leona.


Música, mais música

Não há volta a dar-lhe. Deu-me uma para a música hoje!
Deve-se possivelmente ao facto de hoje ser dia de eleições. Ou seja, vem aí mais música, mas com outros acordes! (ou adormecimentos)


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Tou ficando lamecha!


Pois é.
Estou a ficar lamecha.
Só o facto de publicar este video o demonstra. As filhotas Joana e Rita vão adorar!